(Re)lendo gêneros, sexualidades e Estado normativo em Pelo Malo

Pensar o cuír decolonial como projeto epistemológico na América Latina nos permite abordar uma gama crescente de questões urgentes acerca dos gêneros e sexualidades, que impactam fortemente as experiências não- e antinormativas, especialmente em contextos nacionais historicamente controlados por estados normativos. Neste trabalho, apresento uma análise da relação entre o estado normativo e a experiência da sexualidade dissidente no filme venezuelano Pelo Malo (2013), dirigido por Mariana Rondón. Para isso, fundamento minha análise na proposta de decolonização epistemológica constituída nos trabalhos de Gloria Anzaldúa, Walter Mignolo e Aníbal Quijano. Busco, através dessa análise, construir uma crítica à normatividade do Estado como é representado no filme para assim contribuir com o fortalecimento dos projetos de libertação epistemológica do Sul Global frente aos violentos avanços neoliberais.


(Re)lendo gêneros, sexualidades e Estado normativo em Pelo Malo
catraca mayer
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Sarita Livros

Pode Estamira falar?

Analisa a representação de Estamira, personagem principal no documentário homônimo de Marcos Prado, lançado em 2006, visando responder, num contexto concreto e específico, a questão ou problema teórico elaborado por Gayatri Spivak (2010) em seu clássico estudo sobre o discurso intelectual e a possibilidade de voz das populações marginalizadas. Se Spivak lançava a pergunta “pode o subalterno falar?”, aqui, a tentativa será a de responder se, através de uma representação fílmica, pode Estamira falar.

Além do clássico de Spivak, o referencial teórico discutirá ainda determinadas especificidades do gênero documentário e sua estreita vinculação entre ficção e realidade, bem como as contribuições teóricas de Michel Foucault (2009) relacionadas à vida dos homens infames e a existência do seu discurso condicionada às situações de cruzamento com o poder.

Minha leitura da situação discursiva de Estamira, portanto, busca problematizar a possibilidade do intelectual, aqui na figura do cineasta, de dar voz ao subalterno através de suas produções e representações. Respondendo afirmativamente tal questão, o artigo se conclui, contudo, considerando que o discurso da mulher Estamira dispensa a análise ou a tentativa de racionalização do intelectual/cineasta para adquirir sua força, dado que a descontinuidade da sua fala é justamente o que revela as tensões do cruzamento do sujeito com o poder.


Pode Estamira falar?: o cinema documentário brasileiro e a voz do sujeito subalterno
Marco Aurélio de Souza
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